30 de março de 2010

Peabiru, um caminho de história

Um caminho longo, de mais ou menos três mil quilômetros, que ligava o interior do Estado de São Paulo ao Peru. Era uma trilha que cortava o Brasil de leste a oeste, interligando os Oceanos Atlântico e Pacífico.
Esse caminho existia bem antes da vinda de Cristovão Colombo à América, em 1492, e da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, em 1500. Alguns historiadores afirmam que o Peabiru tinha cerca de oito palmos de largura, o que dá em torno de 1,40 metro por 0,40 de profundidade.

Para o caminho não desaparecer com a constante erosão, os índios guaranis, usuários do Peabiru, plantaram uma graminha no trajeto. Eles abriam picadas no mato e semeavam as sementes de pelo menos três espécies de gramináceas.

As plantas nasciam e logo cobriam completamente o solo e impediam o crescimento de árvores e ervas invasoras. Sem isso, diz o professor Moysés Bertoni num de seus livros, a picada teria desaparecido.

Ramais
O Caminho de Peabiru tinha vários ramais e um deles que partia de Santa Catarina passava pela região de Campo Mourão, noroeste do Paraná. O município vizinho, Peabiru, é um exemplo, pois seu nome foi dado por Sady Silva, em 1945. Ele era do Departamento de Geografia, Terras e Colonização do Estado do Paraná e conhecia a história e a importância do Caminho de Peabiru.

O ramal de Campo Mourão começava em Itu, Estado de São Paulo, e seguia paralelo ao Rio Tietê, rumo oeste, até Botucatu. De lá, seguia até o Rio Paranapanema e chegava ao Ivaí. Dali, alcançava o Rio Mourão e o município de Campo Mourão.

Livro

Marco em homenagem a Cabeza de Vaca.
Há várias denominações do Caminho de Peabiru, a exemplo de "Caminho de Mato Batido", como diziam os índios. Os jesuítas chamavam-no de Caminho de São Tomé.
Dizem que o primeiro europeu a percorrer o Caminho de Peabiru foi Aleixo Garcia, que teria sido morto por volta de 1525. Mas quem fez o mesmo trajeto e deixou um livro sobre o assunto foi Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, enviado ao Brasil pelo então governo espanhol.

Em Naufrágios e Comentários, Cabeza de Vaca, como era conhecido, narra sua viagem pelo Peabiru em 1541, portanto 19 anos depois que Aleixo Garcia teria feito o mesmo trajeto.

Vestígios atraem aventureiros


Ponto de partida da caminhada em Campo Mourão.
Na região de Campo Mourão é possível ver alguns resquícios do Peabiru, o que tem motivado aventureiros e estudiosos a refazerem o percurso. Um desses trechos sai de Campo Mourão passa por Barbosa Ferraz e chega a Fênix.
São cerca de 60 quilômetros de muita beleza e história. Quem se dispõe a percorrer o trajeto chega ao Parque Vila Rica do Espírito Santo, uma cidade histórica construída pelos espanhóis.

Em Pitanga, vestígios do Caminho de Peabiru podem ser vistos num sítio de 49 alqueires. No local, há trechos com uma graminha conhecida por puxa-tripa porque gruda nos pés de quem passa pela trilha.

Ainda hoje essa espécie de planta é comum na região. Pela propriedade, as pedras de basalto, conhecidas por pedra ferro, chamam atenção dos visitantes.
Em 1971, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná investigou pistas do Caminho de Peabiru nas cidades de Campina da Lagoa e Ubiratã e achou até sobra de um ritual de cremação.

Anos depois, no entanto, a cultura da soja destruiu a trilha preservada.
O resultado dessa descoberta, apesar do sumiço dos vestígios, continua sendo um dos mais reveladores sobre o Peabiru.


Fonte: http://www.parana-online.com.br/canal/viagem-e-turismo/news/324103/?noticia=PEABIRU+UM+CAMINHO+DE+HISTORIA. Acessado em 03/2010.

28 de março de 2010

Fascismo e o futebol

Fascismo e Futebol:

Manifestações fascistas ganham cada vez mais adeptos no universo do futebol europeu e assustam muita gente que achava que este passado fora enterrado após a Segunda Guerra Mundial

No dia 15 de março de 2010, em rodada válida pelo campeonato italiano de futebol, o jogador argentino Mauri Zárate, do Lazio, causou polêmica ao saudar a torcida de sua equipe com um gesto fascista, realizado com o braço direito enquanto os times se aqueciam em campo. O jogador, que não pôde entrar em campo por ofender um árbitro, assistiu o jogo nas arquibancadas, próximo aos "ultras", torcedores de extremistas do Lazio. O incidente, porém, não figura como um caso isolado. Nos últimos anos, a relação entre partidos políticos de extrema-direita, grupos neonazistas e futebol vem se tornando cada vez mais estreita em vários países do velho continente, fazendo soar um preocupante alerta.

Recentemente, o próprio Lazio já protagonizara cena semelhante. Em 2005, também pelo campeonato italiano, o atacante Paolo Di Canio (foto), hoje aposentado, fora suspenso por fazer a mesma saudação fascista durante um jogo. Na época, o clube italiano (pelo qual torcia Benito Mussolini), fora multado porque seus torcedores "Ultras" haviam exibido símbolos fascistas e cantado músicas antissemitas nas arquibancadas. E os casos multiplicam-se por toda a Europa. Em 2006, autoridades austríacas denunciaram os torcedores do Branau por publicarem na internet foto na qual fazem saudação nazista. No mesmo ano, torcedores do Paris Sanit-German, da França, foram punidos por exibirem símbolos neonazistas em um jogo. Já em 2008, um árbitro relatou na súmula torcida do Betis de promover manifestações de apologia ao nazismo em jogo válido pelo Campeonato Espanhol. Somados aos casos crescentes de racismo no esporte, a FIFA, nos últimos dois anos, vem intensificando campanhas contra o problema. (Veja um histórico de notícias envolvendo fascismo e futebol clicando aqui)

O recente fenômeno levou um jornalista espanhol, de pseudônimo Antonio Salas, a publicar o livro “Diário de um Skinhead – Um infiltrado no movimento neonazista”, publicado no Brasil pela Editora Planeta, em 2006. No livro, Salas conta como conseguiu se infiltrar durante quase um ano no movimento neonazista skinhead.

Segundo o autor, os líderes neonazistas da Europa arrebanham jovens envolvendo-se com aquilo que eles mais gostam, como a música e o futebol. Passando-se por um skinhead, Salas foi a vários jogos de futebol do Campeonato Espanhol com a torcida “Ultrassur”, do Real Madrid, torcida do tipo “Ultra”, de orientação neonazista. Nos estádios, esses torcedores entoam músicas como “seis milhões de judeus na câmera de gás, seis milhões a mais...” (em alusão ao número de judeus mortos no Holocausto) e promovem episódios de violência contra estrangeiros que vão aos jogos. Um desses episódios é relatado por Salas. Dois irmãos navarreses foram espancados diante dele próximo ao Estádio do Real , o Santiago Bernabeu, em Madri, por um grupo de torcedores da Ultrassur.

A Ultrassur possui ligações diretas e indiretas com partidos políticos europeus de extrema-direita e até mesmo com algumas diretorias do Real Madrid, que já permitiram que faixas e outros objetos da torcida fossem guardados dentro do próprio estádio. No livro, Salas mostra que há cumplicidade até mesmo com os jogadores. Há fotos que mostram o ex-jogador do Real, o português Figo exibindo bandeiras e flâmulas da Ultrassur, bem como o atacante espanhol Raúl, venerado por suas atuações pelo Real e também pela seleção Espanhola.

Sabendo da importância desta discussão para os historiadores e demais leitores do Café História, preparamos algumas outras sugestões sobre o tema, na internet. Você pode assistir a um vídeo, feito em 2008 nas imediações do Estádio do Real Madrid, que mostra a torcida Ultrassur se manifestando (http://www.youtube.com/watch?v=eoo3y9GtAhY) ou ainda visitar o site dos "ultras" do Real Madrid: http://www.ultras-sur.es. Por fim, indicamos duas leituras: o artigo "Racismo no Futebol, trabalho de Adriano Lopes e Bruna Vieira da PUC-RJ" (http://www.dad.puc-rio.br/dad07/arquivos_downloads/49.pdf) e o livro "Diário de um Skinhead", anteriormente citado neste post.
(http://www.editoraplaneta.com.br/descripcion_libro/2903)

Retirado de: http://cafehistoria.ning.com/. Acessado em 03/2010.

21 de março de 2010

Glossário para a Prova - 2os anos "M" e "N" - Noturno

Ai 2os anos do noturno, coloco um glossário que ajudará na prova de terça feira (confirmadíssima!!). Boa prova à todos!!!

Criollos – Termo utilizado historicamente pela metrópole Espanha para designar os habitantes nascidos na América que descendiam exclusivamente de pais espanhóis ou de origem espanhola. Controlavam boa parte do comércio e da propriedade agrária dentro das colônias espanholas na América.

Iluminismo - Conceito que sintetiza diversas tradições filosóficas, sociais, políticas, correntes intelectuais e atitudes religiosas na Europa, tendo sua origem no século XVII (século das luzes). Os iluministas buscavam explicações científicas para os fenômenos sociais e naturais, muitas vezes contrariando as ideias da Igreja.

Independência - é a desassociação de um ser em relação a outro, do qual dependia ou era por ele dominado; É o estado de quem ou do que tem liberdade ou autonomia. Em política, o conceito de independência de um país ou território é a conquista e manutenção da sua soberania política e econômica, que pode ser absoluta ou relativa.

Revolução Francesa - Nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799, alteraram o quadro político e social da França, obtendo repercussão mundial e influenciando os movimentos de independência das colônias americanas.

Bolivarianismo - Ideologia que se baseia nas idéias do libertador Simón Bolívar. Em seu uso contemporâneo, geralmente faz referência, entre outros aspectos, a sua concepção de justiça social. Considera-se atualmente que esta ideologia esteja bastante difundida por toda a América Latina, principalmente na região andina.
Aqueles que se fazem chamar bolivarianos dizem seguir a ideologia expressa por Simón Bolívar nos documentos da Carta de Jamaica, o Discurso de Angostura e o Manifesto de Cartágena, entre outros documentos. Entre suas idéias estão a promoção da educação pública gratuita e obrigatória e o repudio à intromissão estrangeira nas nações americanas e à dominação econômica. Propõe, principalmente, a união dos países latino-americanos.

Carta da Jamaica - Na Carta da Jamaica de 1815, Simón Bolívar demonstrou seu desejo de formar uma confederação hispano-americana com as regiões que anteriormente pertenciam ao Império Espanhol, baseado no fato delas terem um passado histórico em comum, as mesmas instituições, professarem idêntica religião, a católica, e terem o espanhol como a sua língua dominante.

7 de março de 2010


Década de 20- O carro enfeitado da Família Barreto no desfile carnavalesco, copiando os padrões do corso burguês da Avendia Paulista. Créditos: Carnaval em Branco e Negro. Imagens do carnaval paulistano (1914-1988). Foto doada pela família.


História do carnaval paulistano revela diferenças sociais
http://www.comciencia.br/noticias/2004/20fev04/carnaval.htm (acessado em 03/2010)

"Dentro da programação que festeja o carnaval no Sesc Itaquera, na cidade de São Paulo, está uma exposição de fotos chamada "São Paulo: Carnaval em Branco e Preto". As imagens fazem parte da pesquisa desenvolvida pela socióloga Olga von Simson, coordenadora do Centro de Memória da Unicamp, que mostra o jogo entre classes sociais presente na maior festa popular brasileira.

No Brasil, o carnaval começou como uma atividade da elite, onde a burguesia saía às ruas para divertir o povo em um modelo de carnaval de luxo, importado da Europa. Mas, a autora informa que o povo não aceitou ficar apenas como expectador e tentou criar novos modelos valendo-se dos folguedos de fundo religioso vivenciados nas procissões, para então participar efetivamente da festa. "É no carnaval popular que a criatividade surge. É aí que vão aparecer manifestações típicas brasileiras, a afirmação da cultura popular de acordo com cada cidade", explica Simson.

Já o carnaval dos negros tomava como modelo um grupo que saía nas procissões coloniais fazendo a "Dança dos Caiapós". Eram negros vestidos de índios dançando como uma forma de denunciar e protestar contra a dominação branca. Simson explica que São Paulo era uma cidade com forte influência indígena por conta do bandeirantismo, onde o número de escravos negros era pequeno - em função da cidade ser pobre - sendo mais comum aprisionar e vender índios como escravos. Na dança, os negros contavam a história do pequeno curumim que aprisionado e morto pelo invasor branco recebe ajuda do pajé e volta a viver simbolizando a vitória do oprimido que se vale da sua própria cultura para vencer a opressão do homem branco. "Eu avaliei isto como uma resistência inteligente, em que eles se valem daqueles que estão abaixo deles na escala social para fazer uma denúncia e assim não sofrer repressão. É uma denúncia feita de maneira artística", diz a pesquisadora. Quando a participação dos negros nas procissões foi proibida pela igreja, eles transportaram a dança diretamente para o carnaval, que acabou se afirma como carnaval principal. "Para eles [os negros], o carnaval não era só divertimento, mas um espaço de resistência numa sociedade branca e descriminadora. É o lugar aonde eles se afirmavam como um grupo organizado, capaz de criar culturalmente", conclui.

Diferentemente, Simson explica que o carnaval chamado de popular branco ou operário, comum nos bairros como Brás, Mooca, Água Branca e Lapa, e que procurava imitar o carnaval da elite através dos cordões, acaba perdendo sua força conforme a cidade se desenvolveu, até desaparecer completamente. "O carnaval perdeu o significado para eles porque eles participaram do processo de inserção na sociedade paulista, na classe média, mudando, portanto, o seu estilo de vida", diz a socióloga.

A classe popular lutando para conquistar seu espaço na rua com a conseqüente expulsão da elite, que migra para outras cidades e para os bailes fechados para continuar brincando sem haver diversidade social. "O carnaval é um divertimento onde se brinca entre iguais, socialmente falando. Não há mistura", afirma Simson.
1962 - Desfile da Ala dos passistas da escola Nene de Vila Matilde cujo tema era a Escrava Isaura. Créditos: Carnaval em Branco e Negro. Imagens do carnaval paulistano (1914-1988).

Carnaval atual
A pesquisadora lembra que até pouco tempo, quando se falava em carnaval era sempre referente ao carnaval carioca, mesmo aquele retratado pela imprensa paulista. "Quando encontrava alguma coisa [sobre o carnaval paulistano] era na seção de crimes. Era um branco total", conta. Instigada pela ausência de informações sobre as origens do espetáculo em São Paulo a pesquisa foi iniciada baseada em depoimentos das principais lideranças do carnaval popular e na coleta de fotografias, primeiramente junto aos depoentes e depois em jornais e revistas do começo da primeira metade do século XX.

Atualmente, a pesquisadora acredita que a pluralidade social apareça de forma hierarquizada por meio dos postos que se ocupa no desfile das grandes escolas. No chão estão as classes populares e em cima dos carros alegóricos, estão os artistas ou pessoas da elite.

A pesquisa sobre a história do carnaval da cidade de São Paulo será publicada ainda este ano pela Editora da Unicamp e será acompanhada por um álbum de fotografias que cobre todos os carnavais da cidade no período de 1914, data em que é criado o primeiro cordão carnavalesco na cidade, até 1988, fase em que, segundo a autora, o carnaval já está estabelecido como carnaval-espetáculo, com status de grande divertimento público.

A exposição, que pode ser vista até o próximo dia 29 no Sesc, reúne cerca de cinquenta e cinco fotografias, que mostram os primeiros carros alegóricos, as primeiras fantasias e adereços utilizados no carnaval das classes populares."

2 de março de 2010

Mercado Especulativo e exportação de capitais - Alunos do 9o. ano (8a. série) do Ensino Fundamental II

Como Funciona o Mercado de Ações

Se você mantiver o seu restaurante funcionando, provavelmente acumulará pelo menos US$ 75 mil neste ano (baseado no histórico do seu negócio). Portanto, você pode considerar o restaurante como um investimento que pagará algo em torno de US$ 75 mil de lucro ao ano. Olhando dessa maneira, alguém poderia querer pagar US$ 750 mil pelo restaurante, já que um retorno anual de US$ 75 mil em um investimento de US$ 750 mil representa uma taxa de retorno de 10%. Alguém poderia querer pagar US$ 1.500.000, o que representa uma taxa de retorno de 5%. Ou até mais, se ele imaginou que a receita do restaurante poderia crescer ao longo do tempo a uma taxa maior do que a inflação.
Portanto, o proprietário do restaurante irá ajustar o preço de forma compatível. Você pode avaliar o negócio em US$ 1.500.000. No entanto, se dez pessoas vierem até você e disserem: "Puxa, eu gostaria de comprar seu restaurante, mas não tenho os US$ 1.500.000", você poderia de alguma forma querer dividir seu negócio em 10 partes iguais e vender cada uma por US$ 150 mil. Em outras palavras, você poderia vender cotas do seu restaurante. Então, cada pessoa que comprou uma cota receberia um décimo dos lucros ao final do ano e teria um dos dez votos em qualquer das decisões financeiras da empresa. Ou então você poderia dividir a propriedade em 1.500 cotas e vender cada uma por US$ 1.000, para ter um preço que mais pessoas pudessem pagar. Outra alternativa seria dividir a propriedade em 3 mil cotas, manter 1.500 com você e vender o restante por US$ 500 cada. Dessa forma, você retêm a maioridade das cotas (e, conseqüentemente, os votos) e permanece no controle do restaurante, enquanto compartilha o lucro com outras pessoas. Enquanto isso, você consegue depositar US$ 750 mil no banco graças às vendas das 1.500 cotas a outras pessoas.
As ações, em sua essência, são realmente muito simples. Elas representam o patrimônio e os lucros da empresa. Os dividendos de uma ação representam a porção da cota dos lucros de uma empresa, geralmente distribuídos anualmente. Se o restaurante tiver dez proprietários, cada um possuindo uma cota acionária, e o negócio acumular US$ 75 mil de lucro durante o ano, então cada proprietário recebe um dividendo de US$ 7.500. Uma grande companhia como a IBM tem milhões de cotas acionárias excedentes, em torno de 1,7 bilhões em fevereiro de 2004. Neste caso, os lucros totais da companhia são divididos por 1,7 bilhões e enviados aos acionistas como dividendos.
Uma medida do valor de uma empresa, pelo menos no que diz respeito aos investidores, é o produto do número de cotas excedentes multiplicados pelo preço da ação. Este valor é chamado capitalização de uma empresa.

Empresas de capital fechado

Se você resolver abrir uma nova empresa, possivelmente o fará como uma Ltda (ou empresa de capital fechado). Vamos supor que a nova empresa tenha cinco sócios, com a mesma participação (20% do total de R$ 100.000,00). Neste caso, cada sócio subscreveu R$ 20.000 do capital da empresa. A empresa então utiliza o capital subscrito para iniciar suas atividades (comprar matéria-prima, pagar instalações e funcionários, etc.).

Vamos supor agora que um sócio decida sair da empresa e os outros decidam comprar sua parte. Neste caso, após decidir o quanto vale esta parcela do capital da empresa (para facilitar vamos supor que valha R$ 20.000) cada um dos sócios restantes pagará R$ 5.000,00, mantendo o capital total em R$ 100.000,00, agora com 25% cada um.
Empresas de Capital Aberto
Uma empresa de capital aberto funciona basicamente da mesma forma. Usando o exemplo acima (os valores serão mantidos somente para facilitar a análise, já que para lançar ações em bolsa os valores devem ser muito mais altos) fica fácil entender o que é uma ação.

Vamos supor agora que os quatro sócios não tenham recursos para comprar a fatia do sócio que resolveu sair. Eles podem optar por abrir o capital da empresa, ou seja, lançar ações. Neste caso eles decidem vender R$ 20.000 do capital da empresa, lançando 20.000 ações a R$ 1,00 cada.

Ao comprar uma ação, você passa a ser sócio de uma empresa, comprando uma participação no capital da mesma. Se a empresa for bem, o preço da ação possivelmente subirá, se as coisas não forem tão bem assim, o preço possivelmente cairá.

Desta forma, através do lançamento de ações, uma empresa aumenta substancialmente o número de acionistas (sócios), obtendo recursos que talvez não estivessem disponíveis de outra forma para investir na empresa. Do ponto de vista do investidor, comprar ações dá a possibilidade dele se tornar um "sócio" da empresa, investindo um valor de acordo com as suas disponibilidades.

Como você não aceitaria ser sócio de qualquer pessoa (ou empresa), é importante ser capaz de analisar o desempenho dessa empresa algo que vamos discutir em mais detalhe na seção de Análise.

Tipos de Ações
Existem dois tipos básicos de ações: preferenciais (PN) e ordinárias (ON).

Ações Preferenciais
São assim chamadas porque dão preferência aos acionistas no pagamento de dividendos e também em caso de liquidação da empresa em relação às ações ordinárias. Isto significa que, no caso de falência, ou outro evento que leve a empresa a ser liquidada, os possuidores de ações preferenciais têm maiores chances de recuperar parte de seus investimentos do que os possuidores de ações ordinárias.


Ações Ordinárias
São aquelas que dão direito de voto ao acionista, algo que não ocorre no caso das ações preferenciais. É importante ressaltar que, apesar de ser um acionista e ter direito a voto, o possuidor de ações ordinárias não é responsável pelas dívidas da empresa (algo que normalmente ocorre em empresas de capital fechado). Assim, o pior cenário que ele pode enfrentar é perder todo o capital investido, ou seja, as perdas são limitadas.

Além destas duas categorias básicas, empresas podem emitir outras classes de ações. Se você analisar com cuidado as ações listadas na Bovespa você encontrará não somente as classes ON e PN, mas também PNA, PNB, PNC, etc. Isto ocorre porque além da distinção básica entre ON e PN, as empresas podem diferenciar as classes de ações de acordo com critérios de distribuição de dividendos, restrição quanto à posse de ações, etc.
Rentabilidade do Investimento em Ações
Para ganhar dinheiro em ações você precisa "comprar a ação antes que outros investidores queiram comprá-la e vendê-la antes que outros investidores resolvam vendê-la". Pode não parecer, mas é mais fácil do que parece! Para isso, você precisa entender os fatores determinantes da rentabilidade de uma ação e se antecipar ao mercado.

Como foi visto na seção anterior, o principal determinante da rentabilidade das ações é o comportamento do preço do papel. O preço das ações é influenciado por uma série de variáveis, que podem ser agrupadas em quatro grupos básicos:
• Macroeconômicas
• Setoriais
• Mercado
• Desempenho da Empresa.
Variáveis Macroeconômicas
Abaixo listamos alguns exemplos de variáveis macroeconômicas o impacto que eles têm no mercado de ações:

Taxa de crescimento da economia - Maior crescimento, de forma geral, leva a maior lucro e alta no preço das ações.

Taxa de juros - Em geral, juros maiores aumentam a rentabilidade da renda fixa, que "concorre" com as ações como alternativa de investimento, além do efeito negativo sobre o balanço das empresas.

Mercado Externo - Além dos efeitos diretos sobre a economia brasileira, qualquer alteração no mercado externo afeta diretamente o mercado de ações brasileiro já que parte dos compradores de ações brasileiras é composta por estrangeiros. Quanto mais compradores estrangeiros, maior pressão de alta no preço dos ativos e vice-versa.

Variáveis setoriais
Definem eventos que afetam especificamente o setor de atividades em que a empresa atua. Para facilitar o entendimento, vamos usamos o setor de celulose como exemplo. Um aumento no preço internacional da celulose afeta positivamente as ações do setor (aumento de receitas e lucro potencial). Outras variáveis são possíveis inovações tecnológicas (por exemplo, um processo produtivo mais eficiente), mudanças nos preços de matérias primas, mudança no perfil dos concorrentes internacionais, mudanças na legislação, etc.

Variáveis de Mercado
Outros fatores que influenciam o preço das ações alterações específicas nas condições de compra e venda de ações.

Dentre os principais fatores podemos citar: a) Impostos (ex. maiores impostos sobre aplicações em ações podem desencorajar esta forma de investimento, conseqüentemente afetando os preços) e b) Mudanças nas regras de investimento dos investidores institucionais (ex. fundos de investimento, fundos de pensão, companhias de seguro).

Desempenho da Empresa
Além dos elementos que influenciam a situação financeira da empresa (mudanças em preços dos produtos produzidos e de matérias primas, aumento ou redução no endividamento, etc.), é importante observar mudanças na perspectiva de novo negócios (tais como novos contratos, aquisições de outras empresas, busca de parceiros, etc.) e alterações na estrutura acionária. Alguns desses elementos são discutidos em detalhe na seção Como Analisar uma Ação.

Outras Variáveis que Afetam Rentabilidade
Além do preço da ação, a rentabilidade de um investimento no mercado acionário também depende de outras variáveis, sobretudo do nível de dividendos, bonificações, tributação e corretagem.

Dividendos
Quando uma empresa paga dividendos, ela está distribuindo aos acionistas parte do seu lucro no período. Se a empresa anuncia um dividendo de R$ 2,00 por ação e você tiver 1.000 ações, então receberá R$ 2.000,00 em dinheiro, que será enviado à sua conta.

Em geral o valor do dividendo é variável, dependendo do resultado da empresa no período e da política interna de dividendos de cada empresa. Algumas empresas (em geral as maiores e mais estabelecidas no mercado) preferem pagar dividendos mais altos; enquanto outras decidem reinvestir na empresa a maior parte dos lucros gerados. A periodicidade de pagamento dos dividendos também não é definida e pode ser trimestral, semestral ou anual.

Bonificação
Quando uma empresa faz um aumento de capital, mediante a incorporação de reservas e lucros, algumas ações são distribuídas gratuitamente para os seus acionistas, em número proporcional às já possuídas. Isso não implica em alteração patrimonial, pois o preço em bolsa é reajustado proporcionalmente.

Subscrição
Em geral, quando uma empresa faz um aumento de capital, os acionistas têm direito de preferência na aquisição de um novo lote de ações - em quantidade proporcional às possuídas. Os acionistas podem transferir o direito de subscrição a terceiros, através de venda desse direito na Bolsa.

Tributação:
O nível atual de tributação no mercado de ações é composto de:

Imposto de renda: a alíquota de 15% é aplicada sobre os ganhos de capital (diferença entre o preço médio de aquisição da ação e o que você recebeu pela venda). Essa alíquota vale para todos os tipos de operações nos vários mercados de ações, com exceção das operações de day trade em que a alíquota é de 20%.

Isenção
Desde janeiro de 2005, os ganhos obtidos com a venda de ações no mercado a vista cujo valor de alienação é inferior a R$ 20 mil durante o mês estão isentos do pagamento de IR. Vale ressaltar que, na determinação do preço médio de compra da ação, é possível incluir as despesas com corretagem, taxas ou outros custos necessários à realização da compra/venda das ações, o que acaba reduzindo o montante do ganho de capital.

Recolhimento
Desde janeiro de 2005 foi introduzido o recolhimento em fonte sobre as aplicações em ações, sendo aplicada uma alíquota única de 0,005% sobre o valor da alienação no mercado a vista. Esta alíquota é aplicada em todas as operações com ações, com exceção das de day trade cuja alíquota é de 1%.

Nos fundos de ações o imposto é recolhido na fonte pelo administrador do fundo, mas nas demais operações com ações, independente do mercado, o imposto deve ser recolhido pelo investidor. Mensalmente o investidor deve apurar se obteve ganho, ou perda nas operações no mercado de ações e, em caso de ganho (considerando valor acumulado de vendas acima de R$ 20 mil), o imposto devido deve ser recolhido até o último dia útil do mês subseqüente.

Corretagem
Além dos impostos acima, os investidores também devem pagar uma taxa de corretagem que é cobrada por sua corretora. Esta taxa, de forma geral, varia de acordo com o valor da aplicação. A entrada das corretoras on-line no mercado brasileiro, porém, pressionou algumas corretoras tradicionais a reduzir suas taxas de corretagem. Em geral, as corretoras on-line cobram cerca de 0,5% por operação ou valores fixos, que variam, na maior parte dos casos, entre R$ 10 e R$ 20 por transação.

Outros custos
Apesar de tributação e corretagem serem os maiores custos associados à negociação de ações é preciso mencionar alguns outros como, por exemplo:

Custódia: taxa fixa que você tem que pagar à instituição que guarda e administra suas ações. Pode ser cobrada mensalmente , trimestralmente ou mesmo de forma anual, dependendo da instituição. Além disso, existe o custo de 0,008% de liquidação e custódia de títulos que deve ser pago sobre o valor da operação no momento da compra das ações.

Emolumentos: taxa paga à Bolsa de Valores por conta dos negócios de compra e venda serem realizados em suas instalações. A Bovespa cobra sobre o valor financeiro negociado emolumentos. Esses custos variam de acordo com o tipo de operação e mercado em que a mesma foi efetuada, entre 0,0055% e 0,027%. Por exemplo, as operações de day trade no mercado à vista pagam uma taxa de 0,019%, enquanto as demais operações nesse mercado pagam uma taxa maior, de 0,027%. Esses valores não incluem a taxa de liquidação de 0,08% discutida acima.