20 de março de 2011

Forças da coalizão iniciam intervenção militar na Líbia

Simpatizantes do coronel Kadafi demonstram apoio ao líder na fortaleza Bab Al Azizia, em Trípoli  

operamundi.uol.com.br, mar/2011.

Dois dia após o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovar uma resolução que previa "todos os meios necessários" para proteger a vida de civis na Líbia, a coalizão formada por cinco países - Estados Unidos, França, Canadá, Itália e Reino Unido - começou neste sábado (19/03) a atacar a Líbia.
Na primeira reação após os bombardeios, o líder líbio, Muamar Kadafi, prometeu reagir à operação "Alvorada da Odisseia", como está sendo chamada a intervenção militar, e convocou todos os líbios a defender o país da "segunda cruzada do Ocidente", em uma referência à invasão de Jerusalém por europeus na Idade Média. "Vamos abrir o depósito de armas", prometeu.

A França deu início à operação por meio de ataques aéreos na cidade de Benghazi, no nordeste do país africano e considerado o reduto dos grupos opositores ao governo da Líbia. A justificativa foi a de que Kadafi não respeitou o cessar-fogo declarado pela própria Líbia ontem (18/03), atirando contra civis. O fato foi negado por Trípoli.

Naquele momento, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, confirmou a intervenção militar, após participar de um cúpula com a participação da ONU (Organização das Nações Unidas), países europeus e árabes para discutir a crise na Líbia. "Ainda há tempo para Kadafi evitar o pior. Portas da diplomacia serão reabertas no momento em que ataques cessarem", disse Sarkozy.


Posteriormente, foi a vez dos Estados Unidos empreenderem um ataque de mísseis Tomahawk ao território líbio, a partir de um navio da Marinha norte-americana. Um oficial líbio informou à TV estatal que tanques de combustível na cidade de Misrata, a leste de Trípoli, foram atingos, de acordo com a agência France Press. Também há informações de que civis foram atingidos.

De acordo com os EUA, a participação norte-americana será limitada a somente uma semana e que, depois desse prazo, as forças europeias tomarão as rédeas da intervenção à Líbia.

"Autorizei hoje o início de uma intervenção militar na Líbia, com o intuito de proteger civis. Ela agora está em andamento", afirmou em mensagem o presidente dos EUA, Barack Obama, que faz visita ao Brasil. "Kadafi ignorou os avisos. Quero que o povo norte-americano saiba que o uso da força não foi a nossa primeira opção. Não haverá perdão a Kadafi. Ações têm consequências e a comunidade internacional precisa agir".

Em seguida, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, confirmou, em um comunicado, que forças do Reino Unido já estavam em ação na Líbia. “Foi necessário, legal e justo”, disse o premiê. Juntos, navios de guerra e submarinos dos EUA e Reino Unido já teriam lançado 112 mísseis de cruzeiro contra os sistemas antimísseis líbios e alcançado cerca de 20 alvos, segundo informou o Pentágono


O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, condenou o ataque à Líbia e chamou a operação "Alvorada da Odisseia" de "irresponsável". Segundo Chávez, as nações envolvidas na operação querem apenas se apoderar do petróleo da Líbia e exigiu um "cessar-fogo de verdade" imediatamente.

"Já começou a ação militar dos aliados contra a Líbia. É muito lamentável. É uma irresponsabilidade. E por trás disso estão as mãos dos EUA e seus aliados europeus", criticou o presidente venezuelano na televisão estatal.

Num comunicado divulgado pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Loukashevich Alexander, o governo russo lamentou a ação militar, realizada "no quadro da resolução 1973 da ONU, aprovada às pressas".

Logística

O objetivo inicial da operação, de acordo com o almirante norte-americano Bill Gortney, é concentrar os esforços na parte ocidental da Líbia. Segundo a agência de notícias Reuters, citando uma fonte militar norte-americana, um ataque na costa da Líbia pelas forças dos cinco países está prevista para acontecer ainda neste sábado.

Depois do bombardeio de hoje, segundo fontes do governo norte-americano, a capacidade de defesa antiaéarea líbia ficou severamente danificada.

Mais cedo, aviões franceses destruíram quatro veículos militares das forças de Kadafi em Benghazi. Segundo o Ministério da Defesa francês, cerca de 20 aviões estavam envolvidos na intervenção.

Há 25 embarcações navais da coalizão no Mar Mediterrâneo, segundo o Pentágono, entre eles três submarinos americanos. Onze delas são italianas, onze, norte-americanas, e três de Reino Unido, França e Canadá.

A Itália também enviou jatos para voos de reconhecimento sobre o espaço aéreo líbio e ofereceu a base da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para ser o centro de comando da operação.  Caças canadenses estão a caminho do Mediterrâneo. Países árabes, como Catar e Emirados Árabes Unidos, devem participar também da ação.

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